terça-feira, 1 de junho de 2010

AJUDEM-ME A VOLTAR PARA A MINHA FAMÍLIA - Simão


Eu sou o Simão.
 Nasci em Lisboa, no restelo, numa casa linda, e tive logo muitos mimos do meu pai Platão e da minha mãe Clarinha.

Fiquei aí até aos 2 meses e meio, mas um dia vieram buscar-me e tive de separar-me dos meus pais e dos meus donos.

Descobri depois que, apesar de estar a separar-me da minha família, ia ter a sorte de continuar em família. Isto porque quem me veio buscar foram os donos do Boris, meu avô, pai do meu pai Platão. Os donos do Boris levaram-me para fora de Lisboa, para uma pequena aldeia chamada Penedo Gordo, perto de Beja.

Passei a viagem toda ao colo da Mariana, a dona do Boris e, quando cheguei à minha nova casa, não queria separar-me dela e tentava saltar para dentro do carro para voltar para Lisboa.

Fiquei, triste...

E foi aí que conheci a Luciana, a minha dona, que me fez esquecer qualquer tristeza. A Luciana é a mulher mais espectacular que existe na terra, de todas as que conheci. Sempre de sorriso aberto e coração enorme para receber toda a gente em casa. Sempre a pensar nos outros antes de pensar nela. Adoro estar na cozinha a vê-la a cozinhar à espera que caia alguma coisa da bancada...eheheheh....ou de brincar com ela, puxando-lhe as pernas enquanto ela está a estender a roupa. Onde ela está, eu quero estar.

Depois, o meu dono Zé Manel. Foi ele quem me ensinou a ir à caça, onde, como ele diz, eu corro mais do que caço. É que o que eu gosto mesmo quando vou à caça é de correr por aqueles campos fora e estar com o meu dono, só eu e ele. Dois companheiros.

Depois os filhos da Luciana e do Zé Manel, já crescidos. A Susana e o Nelson. Quando a Susana foi estudar para Coimbra e o Nelson foi viver para o Algarve, fui eu que fiquei em casa com os meus donos e ajudei a colorir a casa, a preencher o vazio. A minha dona Luciana dizia muitas vezes que eu era a companhia dela. E é verdade. E ela a minha.

Em alguns fins-de-semana ou nas épocas festivas aparecia lá em casa o meu avô Boris, com os donos dele, os que me trouxeram para o alentejo. Ele às vezes ladrava-me, mas acabávamos os dois em correrias loucas no quintal. Tínhamos um feitio muito parecido, por sermos da mesma raça, ou da mesma família. Sentávamo-nos da mesma maneira, deitávamo-nos da mesma forma, com uma pata esticada para a frente e o focinho caído por cima dela. Irresistíveis! Um charme! :)

Um dia, há mais ou menos uns 2 anos, os donos do Boris, a Mariana, a Sandra e o Luís, foram lá a casa, mas vinham sem ele. Não entendi, mas quando me viram começaram a chorar. Percebi que o Boris tinha morrido, já não estava connosco e não ia voltar a vê-lo. Também tive vontade de chorar, mas fui forte e lambi as lágrimas da Sandra que lhe caíam pela cara. Ela apertava-me muito e sei que olhar para mim ali, tão parecido com o Boris dela, era um misto de dor e conforto. Ela confessou-me coisas em silêncio que ficam só para mim. Segredos nossos.

Com o tempo percebi que cada vez era mais conforto do que dor o sentimento que eu lhes provocava. Como se, enquanto eu ali estivesse, uma parte do Boris também estivesse, o que de certa forma é bem verdade.

Era eu o elo entre aquelas duas partes da família. Um dia tiraram-me à minha família. Não sei para onde fui.

Os meus donos chegaram um dia a casa, há mais ou menos 2 semanas, e não me encontraram no quintal. Procuraram em todo o lado, até com ajuda de cães de busca, foram ao canil, a todos os sítios que se lembraram. A família do Boris também ajudou a procurar, mandaram e-mails para associações de animais, distribuiram folhetos, fizeram cadeias de e-mail, publicaram anúncio no http://www.encontra-me.org/anuncio/9587 mas ninguém sabe notícias minhas.

Ajudem-me a voltar para a minha família, que precisa tanto de mim...

Podem ajudar-me?

Família do Simão:
Luciana - 961242149
Sandra - 964536140

Sem comentários:

Enviar um comentário